Entenda como o filósofo e teólogo inglês desafiou a Igreja Católica e inspirou a Reforma Protestante.
Em um capítulo surpreendente da história, John Wycliffe, um filósofo e teólogo inglês do século XV, foi condenado à pena capital, mesmo já tendo falecido há 15 anos.
Sua “heresia”? Traduzir a Bíblia para o inglês, um ato que a Igreja Católica considerava um crime gravíssimo na época.
A “Bíblia de Wycliffe” foi a primeira tradução completa do livro sagrado para a língua inglesa, mas também representou uma crítica à Igreja da época, que Wycliffe acreditava estar distante daquela descrita nas escrituras.
Ele questionava a desigualdade de riqueza entre a Igreja e a população e defendia uma vida religiosa mais comunitária. Além disso, Wycliffe negava a doutrina da transubstanciação, retirando assim parte do poder do clero.
Apesar de Wycliffe não estar sozinho em seus questionamentos, suas ideias o destacaram como uma figura central nos movimentos dissidentes que levariam à Reforma Protestante.
A peste bubônica e disputas internas na Igreja Católica, incluindo a existência de múltiplos papas e o Papado de Avignon, contribuíram para um contexto histórico propício ao questionamento da autoridade papal.
Wycliffe faleceu em 1384 sem ser condenado, mas suas ideias continuaram a conquistar seguidores, conhecidos como lollards.
Em 1414, o Concílio de Constança tentou resolver a questão, condenando Wycliffe à morte por heresia e perseguindo seus seguidores.
Curiosamente, isso ocorreu mesmo com Wycliffe já morto há cerca de 30 anos, demonstrando o impacto duradouro de seu trabalho e pensamento.