Direita do Chile conquista para elaboração da nova Constituição

Os conselheiros eleitos no último domingo no Chile iniciarão a redação da nova constituição em junho.

Em uma reviravolta na política chilena, os partidos de direita conquistaram a maioria dos votos nas eleições deste domingo (7) para selecionar os conselheiros responsáveis por redigir a nova constituição do país.

O resultado marca uma mudança em relação à maioria progressista que havia fracassado na primeira tentativa de reescrever a constituição.

Com 95,13% dos votos apurados, o Partido Republicano do Chile, liderado pelo ex-candidato conservador à presidência José Antonio Kast, obteve quase 35% dos votos.

A coalizão de partidos tradicionais de direita somou pouco mais de 20%, enquanto a coalizão de esquerda do presidente Gabriel Boric alcançou cerca de 29%. Os partidos centristas ficaram com o restante dos votos.

José Antonio Kast, derrotado por Boric nas eleições de 2021, celebrou a vitória em Santiago, afirmando que “o Chile derrotou um governo falido”. Os resultados definirão a composição exata do Conselho Constitucional de 50 assentos responsável pela elaboração da nova carta magna.

A aprovação de cada artigo da nova constituição exigirá uma maioria de três quintos. Essa iniciativa é o desdobramento mais recente no esforço de revisar a constituição da era da ditadura do Chile, após quase 80% dos chilenos votarem a favor da elaboração de uma nova carta em 2020, em meio a violentos protestos contra a desigualdade.

Os conselheiros eleitos no último domingo iniciarão a redação da nova constituição em junho, partindo de um projeto elaborado por 24 especialistas nomeados pelo Congresso em março. A proposta final será submetida à aprovação ou rejeição dos eleitores em dezembro.

A primeira tentativa de reescrita, liderada por constituintes independentes e de esquerda, focou em benefícios sociais, direitos ambientais, paridade de gênero e direitos indígenas. Apesar de ser considerada uma das constituições mais progressistas do mundo, muitos eleitores a julgaram polarizadora demais, e o processo acabou envolto em controvérsias.

O presidente Boric, cujos índices de aprovação despencaram devido à economia em dificuldades e ao aumento da criminalidade, sofreu uma derrota política com a rejeição da primeira reescrita por quase 62% dos eleitores. Desde então, Boric se afastou do processo, mas prometeu apoio.

Ao pedir unidade e instar a oposição a aprender com a tentativa fracassada anterior, Boric afirmou: “Quero convidar o Partido Republicano, que conquistou uma maioria inquestionável, a não cometer os mesmos erros que cometemos. Este processo não pode ser sobre vinganças, mas colocar o Chile em primeiro lugar”.

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