Fontes apontam para expansão de instalações militares e de inteligência chinesas em Cuba desde 2019.
Confirmado na noite de sábado (10) por um servidor da administração Biden e corroborado por mais duas fontes à CNN: a China tem estendido suas raízes militares e de inteligência em Cuba.
O expansionismo, de acordo com as informações, remonta a 2019 e tem se aprofundado ao longo dos anos.
A figura representativa do governo norte-americano ressalta que a China levou a cabo uma “atualização de suas instalações de coleta de inteligência em Cuba em 2019” e que tal empreitada se deu ainda sob o mandato de Trump.
Este contexto político, entretanto, não minimiza o desafio atualmente enfrentado pelos Estados Unidos, classificado como “herança” pelo funcionário.
A constatação do desenvolvimento chinês em solo cubano é respaldada por um histórico de inteligência, conforme mencionado pelo oficial, ainda não divulgado. Com a notícia, ganha corpo a noção de que a China tem dedicado recursos para monitorar os EUA a partir de diferentes localidades na ilha caribenha.
Na contramão das notícias recentes, a Casa Branca havia negado no começo desta semana que o gigante asiático estivesse projetando construir uma nova instalação de inteligência em Cuba.
Porém, as confirmações de agora vêm após a própria CNN e o Wall Street Journal divulgarem que a ilha teria consentido a construção de um novo centro de espionagem chinês. Esta iniciativa permitiria ao país interceptar comunicações eletrônicas do sudeste dos Estados Unidos.
De acordo com uma fonte próxima ao caso, apesar do acordo estar em sua forma inicial, a instalação ainda não foi erguida. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, refutou a precisão dos relatórios anteriores, argumentando que “este é um problema em andamento, e não um novo desenvolvimento”.
A crescente presença chinesa em Cuba acontece em meio a um cenário de tensões entre EUA e China, agravadas pelo incidente do balão espião em fevereiro, e por movimentos agressivos de aeronaves e navios chineses contra ativos americanos no Mar da China Meridional.
Os Estados Unidos têm se empenhado para reparar o relacionamento com a China, com o diretor da CIA, Bill Burns, sendo enviado a Pequim no mês passado para dialogar com autoridades chinesas. Antony Blinken, secretário de Estado, também tem uma visita programada à China nas próximas semanas.
No entanto, na semana passada, o chefe de defesa da China rejeitou um pedido de reunião do secretário de Defesa Lloyd Austin e advertiu os EUA a se afastarem de águas e espaço aéreo chineses.
Max Baucus, ex-embaixador dos EUA na China, expressou surpresa com a negação inicial do governo Biden em relação à presença da China em Cuba. Ele afirmou que a China tem há muito uma “presença” na ilha e disse acreditar que “a China gostaria de torná-la muito mais forte.”
A fonte próxima ao caso confirmou à CNN que os vários locais militares e de inteligência chineses em Cuba fazem parte da “longa história” de cooperação entre os dois países e da estratégia chinesa de alinhar-se com outros países autocráticos para promover seus interesses de segurança nacional.
Essas instalações chinesas monitoram o tráfego marítimo, a base naval de Guantánamo e as comunicações dos Estados Unidos. Com a transição de comunicações de cabos físicos para sem fio, a China também tentará monitorar estas, disse a fonte.
Apesar das tentativas anteriores de combater essa questão, o funcionário do governo Biden acredita que é necessária uma abordagem mais direta. “O presidente instruiu sua equipe a criar uma estratégia para enfrentar esse desafio”, revelou o funcionário, acrescentando que os esforços diplomáticos dos EUA conseguiram desacelerar a China.
“A China não está exatamente onde eles esperavam estar. Ainda existem desafios e continuamos preocupados com as atividades de longa data da China com Cuba. A China continuará tentando aumentar sua presença em Cuba e continuaremos trabalhando para interrompê-la”.