As novas regras da Academia de Gravação focam na valorização da autoria humana em detrimento da Inteligência Artificial na criação musical.
A Academia de Gravação, instituição responsável pela entrega do Grammy – um dos mais respeitados prêmios do mundo da música – afirmou na última sexta-feira (16) que apenas criadores humanos podem concorrer às honrarias do evento.
O comunicado vem em um momento onde a influência da Inteligência Artificial (IA) na criação musical está em franco crescimento, levando a Academia a traçar limites claros em relação a essa questão.
De acordo com o regulamento recém-atualizado, trabalhos totalmente realizados por IA estão vetados de qualquer competição. No entanto, ainda é possível que canções criadas com auxílio da IA sejam consideradas para certas categorias, desde que possuam uma significativa contribuição humana. Para ser mais preciso, os criadores musicais agora devem contribuir com pelo menos 20% do conteúdo de um álbum para serem considerados elegíveis para uma indicação.
Essa mudança marca uma grande virada, uma vez que antes, qualquer envolvido na produção de um álbum – seja ele produtor, compositor, engenheiro ou artista convidado – poderia receber indicações para o álbum do ano, mesmo com uma participação mínima.
Desde novembro, quando a OpenAI lançou o ChatGPT, apoiado pela Microsoft Corp, a IA tem ganhado cada vez mais terreno, gerando diálogos semelhantes aos humanos e se infiltrando em várias áreas da criação. Além da música, vemos o rápido crescimento de aplicativos que usam IA para animar fotos, criar avatares em filmes e até escrever textos, o que ameaça uma série de profissões.
Esta revolução tecnológica está sendo amplamente debatida em várias esferas criativas. O Sindicato dos Roteiristas (WGA) e o Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA), por exemplo, estão se posicionando fortemente contra a exploração da IA nos setores de roteirização e atuação. Eles buscam garantir que seus membros mantenham o controle sobre o uso de suas personas digitais, recebendo uma compensação justa.
Os roteiristas, inclusive, estão em greve desde o início de maio, lutando contra a penetração da IA em seus domínios, dentre outras questões. Até agora, nenhuma resolução foi encontrada, sublinhando a complexidade desta discussão em constante evolução.