Após o envio de astronauta civil ao espaço, China mira as profundezas terrestres com projeto de perfuração na Bacia de Tarim.
Logo após a conquista do espaço com o lançamento da missão Shenzhou-16, que enviou o primeiro astronauta civil à órbita terrestre, a China dá um novo salto – desta vez rumo ao centro da Terra.
Um poço de impressionantes 10 mil metros de profundidade começou a ser escavado na Bacia de Tarim, na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, noroeste do país.
A perfuração foi iniciada na terça-feira, às 11h46, no horário local, e o projeto tem como meta atingir uma profundidade de 11.100 metros no coração do deserto de Taklimakan, o maior da China.
Nas redes sociais, o audacioso empreendimento ganhou o apelido de “buraco para o inferno”.
O ambicioso projeto visa ampliar o entendimento humano sobre áreas profundas do planeta, até então não estudadas. Ao longo do processo, equipamentos – incluindo brocas e tubos de perfuração que pesam mais de 2.000 toneladas – irão penetrar o interior do planeta, atravessando mais de 10 camadas continentais, incluindo o sistema Cretáceo.
Para Wang Chunsheng, especialista técnico envolvido na operação, trata-se de uma ousada aventura para explorar o território desconhecido da Terra e expandir os limites do conhecimento humano.
“A dificuldade de construção do projeto de perfuração pode ser comparada a um grande caminhão dirigindo em dois cabos de aço finos”, ilustrou Sun Jinsheng, acadêmico da Academia Chinesa de Engenharia.
A Bacia de Tarim, local do projeto, é uma das áreas mais desafiadoras para exploração, devido ao seu solo áspero e condições subterrâneas complicadas. A incursão nesse território demonstra o compromisso da China com a vanguarda da pesquisa e exploração científica.