Plano visa reforçar instalações existentes para proteger a população em caso de ataque.
Com as tensões em torno de Taiwan e a Coreia do Norte disparando mísseis em ritmo acelerado, legisladores no Japão estão buscando a implantação de abrigos para proteger sua população em caso de ataques.
Keiji Furuya, parlamentar do Partido Liberal Democrata e ex-ministro da resiliência nacional, afirmou em entrevista na semana passada que um projeto de lei estabelecendo um cronograma para a disponibilização de abrigos poderia ser aprovado já no próximo ano fiscal.
Furuya, co-líder de um grupo de legisladores que defendem a provisão de abrigos, ressaltou que o Japão não se envolveu em uma guerra nos últimos 77 anos, mas a realidade que prevaleceu durante esse período já não se aplica mais.
“O mundo mudou muito“, afirmou em entrevista à Bloomberg News.
O Japão se encontra em uma vizinhança cada vez mais perigosa, com a China tendo lançado mísseis balísticos em águas próximas às suas ilhas do sudoeste no ano passado.
A Coreia do Norte também está aprimorando rapidamente suas capacidades de lançamento de mísseis, incluindo um que sobrevoou o território japonês em outubro.
Embora haja extensas redes de metrô nas principais cidades japonesas que poderiam ser usadas para defesa civil, a maioria das casas no país não possui porões.
Isso poderia colocar em risco a vida das pessoas que vivem longe dos grandes centros metropolitanos em caso de um ataque de mísseis da China ou da Coreia do Norte, que poderia ocorrer em menos de 15 minutos após o lançamento.
O Japão conta com milhares de centros de evacuação designados para uso em desastres naturais, mas a maioria deles não fica subterrânea. O plano inicial seria fortalecer as instalações existentes e equipá-las com suprimentos de emergência, evitando assim gastos excessivos.
A estratégia é semelhante à de Taiwan, que, segundo o Taiwan News, possui mais de 100.000 abrigos em edifícios públicos e privados. Cingapura também está bem equipada com centros de evacuação, incluindo em estações ferroviárias.
Muitos japoneses manifestaram perplexidade em outubro passado após um alerta para se abrigarem de um míssil lançado pela Coreia do Norte, uma vez que não havia instalações próximas disponíveis para tal fim.
No ano passado, a China surpreendeu o Japão ao lançar uma série de mísseis, alguns dos quais caíram na zona econômica exclusiva do país, perto do arquipélago de Okinawa, em resposta à visita da então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan.