Pesquisa no Instituto de Virologia de Wuhan teria conduzido experimentos arriscados, gerando polêmica sobre a origem da COVID-19.
Um artigo publicado no jornal britânico The Sunday Times revelou detalhes de um relatório que sugere a criação de mutações do coronavírus em um laboratório chinês anos antes do surgimento da pandemia de COVID-19.
O jornal, pertencente ao grupo News UK do magnata da mídia australiano Rupert Murdoch, entrevistou três pesquisadores designados pelo Departamento de Estado dos EUA para investigar a origem do vírus. Eles suspeitam que parte do segredo da China em relação ao assunto possa estar ligada a uma suposta intenção de usar os vírus para a fabricação de uma arma biológica.
Atualmente, duas hipóteses principais estão em disputa para explicar a origem da pandemia: o vírus SARS-CoV-2 pode ter infectado humanos pela primeira vez no mercado de animais vivos em Wuhan, na China, ou pode ter vazado do Instituto de Virologia de Wuhan, que estava pesquisando coronavírus.
O The Sunday Times focou sua investigação na hipótese do vazamento de laboratório, detalhando uma série de experimentos conduzidos no Instituto de Virologia de Wuhan a partir de 2012. Segundo o relatório, o instituto recebeu financiamento de agências dos EUA e outros doadores para estudar coronavírus encontrados em morcegos no sul da China.
Em colaboração com o virologista americano Ralph Baric, da Universidade da Carolina do Norte, os pesquisadores chineses criaram uma nova mutação combinando partes do vírus encontrado em morcegos com partes do SARS. O vírus sintético foi testado em ratos “humanizados”, geneticamente modificados para desenvolver pulmões semelhantes aos dos humanos, e provou ser resistente às vacinas contra SARS.
Este estudo, publicado na revista Nature Medicine em 2015, foi considerado arriscado e criticado por outros cientistas. A Nature adicionou em março de 2020 um parágrafo ao estudo, declarando que “não há evidências de que [a fabricação do vírus causador da COVID-19] seja verdadeira; cientistas acreditam que a origem animal é a mais provável para o vírus.”
O jornal britânico relata que experimentos adicionais foram realizados no laboratório de Wuhan, resultando na criação de três outros vírus, também testados em ratos “humanizados”. Um desses vírus matou 75% dos roedores, uma letalidade muito maior que a do coronavírus. Essas pesquisas foram descritas como “as mais descuidadas e perigosas com coronavírus (ou qualquer vírus) já feitas”, pelo microbiologista Richard Ebright.
O The Sunday Times também menciona relatos de problemas de segurança no laboratório de Wuhan, que foram abordados nos relatórios produzidos pelos EUA.
A discussão sobre a origem da pandemia de COVID-19 continua e o mundo aguarda mais evidências que possam esclarecer este importante mistério da saúde global.