Revisão de evidências em sítio arqueológico sugere que o controle do fogo pelos humanos na Europa ocorreu 50 mil anos antes do que se pensava.
Uma recente pesquisa reacende a chama da discussão sobre quando o fogo começou a ser dominado pelos humanos na Europa. Até então, acreditava-se que o controle do fogo datava de 200 mil anos atrás, porém, um novo estudo publicado em 18 de maio na revista Scientific Reports, sugere que essa conquista se deu há 250 mil anos.
Cientistas empregaram técnicas forenses químicas – normalmente utilizadas em investigações criminais – para detectar moléculas resultantes de queima parcial, em vestígios de um incêndio ocorrido no sítio arqueológico Valdocarros II, em Madri. Segundo os pesquisadores, esse método de análise oferece maior confiabilidade na identificação de um incêndio do que a análise de resíduos em sítios arqueológicos, os quais podem ser alterados por condições climáticas ou processos de extração.
O líder do projeto, o professor-assistente Clayton Magill, da Universidade Heriot-Watt, explicou que as descobertas apontam para evidências claras de queimadas intencionais.
“Encontramos evidências definitivas de objetos sendo queimados, e esses resíduos estão organizados em um padrão que sugere a ação e o controle humano sobre o fogo”, afirmou. Segundo ele, os seres humanos estariam utilizando o fogo para cozinhar ou para proteção contra animais perigosos.
A disposição espacial dos vestígios de fogo sugere uma demarcação de espaço, como a de uma moradia, uma sala de estar, uma cozinha ou mesmo um cercado para animais, explicou Magill. Ferramentas de pedra encontradas nas proximidades das áreas de fogo foram identificadas como possíveis utensílios de cozinha.
“Agora temos evidências definitivas e incontestáveis de que os humanos dominavam o fogo na Europa cerca de 50 mil anos antes do que suspeitávamos”, declarou Magill.
O estudo também busca entender se a utilização específica de ferramentas andaria em paralelo com o controle do fogo.
A evidência mais antiga de fogo controlado pelo homem ainda está na África Oriental, estimada em cerca de 1,5 milhão de anos.