O estudo fez a OMS e vários pesquisadores do mundo abandonarem temporariamente todos os seus ensaios que envolviam a hidroxicloroquina.
Pesquisadores australianos questionaram um estudo publicado no periódico The Lancet e que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a paralisar os testes globais da hidroxicloroquina para tratamento da covid-19.
O estudo concluiu que pacientes infectados pelo novo coronavírus e que estavam sendo tratados com o medicamento tiveram altas taxas de mortalidade.
Além disso, estavam em maior risco de desenvolver problemas cardíacos, como arritmia, em relação aos que não estavam sendo tratados com o remédio.
O estudo avaliou cerca de 15.000 pacientes com Covid-19 que receberam o medicamento isoladamente ou em combinação com outros antibióticos.
Esses dados foram comparados com 81.000 controles que não receberam o medicamento.
As descobertas fizeram a OMS e pesquisadores do mundo todo abandonarem temporariamente os experimentos que envolviam a hidroxicloroquina e reavaliar seus próprios ensaios clínicos do medicamento usado na prevenção e tratamento da covid-19.
O motivo teria sido as preocupações levantadas no estudo sobre a eficiência e segurança do medicamento.
Mas, segundo o jornal australiano The Guardian, o estudo de The Lancet sobre hidroxicloroquina está cheio de “falhas”.
Para começar, o trabalho alega incluir 63.315 pacientes de covid-19 da América do Norte que estavam hospitalizados no dia 14/04.
No entanto, em 14/04, o total de hospitalizações nos EUA, Canadá e México eram 67.000.
Guardian alerta que não há como a Surgisphere (a empresa que forneceu os dados para a pesquisa) coletar dados de praticamente quase todos os pacientes da América do Norte.
Há mais falhas: a empresa afirmou que os pesquisadores obtiveram acesso a dados de 73 mortes australianas até 21 de abril.
Porém, dados da Universidade Johns Hopkins mostram que apenas 67 mortes por covid-19 foram registradas na Austrália até o dia 21 de abril.
E o número não subiu para 73 até 23 de abril.
O jornal The Guardian fez esses questionamentos à revista Lancet, que respondeu:
“Pedimos esclarecimentos aos autores, sabemos que eles estão investigando urgentemente e aguardamos a resposta deles”.
O principal autor do estudo, doutor Mandeep Mehra, disse que entrou em contato com a Surgisphere, a empresa que forneceu os dados, para esclarecer as discrepâncias com “a maior urgência”
Para o epidemiologista e médico de doenças infecciosa doutor Allen Cheng, citado na reportagem de The Guardian, é um erro interromper ensaios clínicos fortes e bem projetados que examinam o medicamento por causa de dados questionáveis.
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