A situação é preocupante, e medidas efetivas precisam ser tomadas para combater a pesca ilegal e garantir a sobrevivência dessas espécies.
A pesca ilegal da totoaba, um peixe muito procurado na China por sua bexiga natatória, está colocando em risco a biodiversidade do Mar de Cortez, no norte do México.
Além disso, a vaquinha do mar, um mamífero marinho do mesmo tamanho, também é afetada pela pesca predatória. No mercado negro, o preço da totoaba excede até mesmo o da cocaína, tornando-a um produto de luxo no comércio ilícito internacional.
Clientes asiáticos ricos desembolsam milhares de dólares para comer a bexiga do peixe, por suas propriedades supostamente curativas, mas nunca comprovadas. Esse comércio clandestino segue impune e ameaça a fauna local.
A pesca da totoaba foi proibida em 1975, quando sua população começou a declinar. Desde então, a atividade se tornou um negócio lucrativo para o chamado Cartel do Mar, como constatou o jornalista belga Hugo Von Offel em seu documentário “The Godfather of the Oceans”.
Os traficantes do cartel de Sinaloa pescam a totoaba e a vendem por até US$ 4 mil o quilo, um preço muito superior ao de produtos como o camarão. A bexiga seca é o produto mais procurado pelos traficantes e chega a valer até US$ 50 mil por quilo na China. O comércio da totoaba é comparado ao tráfico de drogas, armas e pessoas, e controlado por redes mafiosas.
Apesar de o governo mexicano afirmar que está combatendo o tráfico da totoaba, a realidade é outra. Em 2021, especialistas da União Internacional para a Conservação da Natureza detectaram 117 barcos de pesca em um único dia na área de proteção marinha do Mar de Cortez. E em fevereiro deste ano, a ONG Sea Shepherd detectou 30 embarcações pescando com redes proibidas.
A captura de milhares de toneladas de totoaba levou especialistas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) a classificar essa espécie como criticamente ameaçada de extinção. Em 2021, após uma nova estimativa populacional, a totoaba tornou-se vulnerável. A caça predatória também coloca em risco a vaquinha do mar.
O comércio clandestino da totoaba é um problema que envolve não apenas o México, mas também a China e outros países asiáticos que importam o produto. A pesca ilegal é uma atividade perigosa, e os inspetores ambientais que a combatem já foram atacados.
Além disso, muitos traficantes contam com a cumplicidade das autoridades mexicanas. A falta de ações efetivas para combater a pesca ilegal levou o México a ser sancionado pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). Como resultado dessas sanções, o país perderá as permissões de exportação de dezenas de espécies de animais e plantas selvagens.
Organizações não governamentais, como a Center for Biological Diversity, lutam para proteger a totoaba e outras espécies ameaçadas. Alejandro Olivera, representante da ONG, explica que os peixes são capturados também por sua carne e são exibidos como troféus de pesca nos Estados Unidos. No entanto, agora a espécie é caçada principalmente por sua bexiga natatória.
A situação é preocupante, e medidas efetivas precisam ser tomadas para combater a pesca ilegal e garantir a sobrevivência dessas espécies. A conscientização do público é fundamental para que o problema seja reconhecido e para que a pressão popular leve as autoridades a agir. Além disso, é preciso buscar alternativas econômicas para as comunidades locais, que muitas vezes veem na pesca predatória sua única fonte de renda.
A totoaba e a vaquinha do mar são apenas duas das espécies que sofrem com o comércio clandestino e a pesca predatória em todo o mundo. A preservação da biodiversidade marinha é fundamental para a saúde dos ecossistemas e para a sobrevivência humana. Cada um de nós pode fazer a diferença, adotando práticas mais sustentáveis e apoiando iniciativas de conservação.